sexta-feira, junho 02, 2006

Palavras

Certas vezes as palavras não conseguem sair da nossa boca com a facilidade que deveriam. Palavras deveriam ser adestradas, para seguir fielmente as vontades de seu dono: "vai, Palavra, diz pra ela tudo o que se passa aqui dentro de mim". E então as Palavras sairiam leves como borboletas e doces como mel, adoçando seus ouvidos com poesias floreadas e falando de amor com a facilidade que deveria reger esse nosso mundo tão complicado.

Mas essas minhas Palavras estão arredias e assustadas, feito um animal preso e maltratado por ter cometido o crime de ter nascido livre. E Elas se escondem na toca da minha boca e só ousam sair pra beber as águas da tua saliva e brincar na inocência perdida da tua língua macia.

São Palavras fatigadas de um corpo também cansado, que já te deseja tanto e ainda mais. É um cansaço de alma, que busca nos teus braços o descanso tranquilo e um sorriso merecido. E enquanto você lê com sussuros as histórias da sua vida eu bebo de tuas lágrimas sinceras, tentando imaginar nessa mistura de alegria e tristeza qual é a dose certa de cada sentimento.

E esse dia chuvoso passa devagar enquanto a vida passa depressa demais, e as Palavras, impertinentes, insistem em dormir mansamente dentro de mim, enquanto você baila sorrindo no meu pensamento. E face essa tua quintessência de felicidade, essa tua alegria intrínseca, vejo que minhas Palavras não são nada mais do que as frágeis muletas de um combalido escrivão de sensações.

O sorriso mais lindo do mundo é daquela menina que disse que veio aprender, mas tem muito mais a ensinar do que imagina...